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Aqui suplantam-se os intelectuais...

terça-feira, agosto 15, 2006

A guerra, quando nasce é para todos

Ao longo dos últimos 30 anos, na Europa e fora dela, as palavras de ordem têm sido no sentido do reforço prático das medidas tendentes ao implemento e garantia da segurança. Face à “guerra sem rosto” dos tempos hodiernos, assiste-se coevamente a uma negligência na maneira de tratar os direitos básicos (direitos, liberdades e garantias do cidadão), tidos como um luxo pouco aceitável em tempos perigosos. Há mais vigilância, há mais intrusão na vida dos cidadãos, há menos respeito pela privacidade, há mais restrições aos direitos. A sequência de atentados a isso o tem conduzido, e a mais recente acção terrorista, no aeroporto londrino de Heathrow, foi já prova do trabalho levado a cabo pelas autoridades: chegou-se onde em Nova Iorque, Madrid e no metro de Londres se tinha falhado. Mas ainda assim, estamos a viver com medo, e o medo não é bom conselheiro. As opiniões públicas estão a tornar-se perigosamente permeáveis e dispostas a dispensar naipes significativos de garantias, que antes se considerariam “sagradas”. A imagem é vulgar, mas mais significativa: o “big brother” é cada vez menos ficção.
Devido a uma zona medieval do planeta, onde a religião e o fanatismo imperam, onde a segurança e a paz são suspiros efémeros de quem recarrega as armas, vive-se hoje cada vez pior. Não só porque agora o estado quer saber onde andamos, com quem falamos, o que dizemos e porque andamos, falamos e dizemos mas porque o custo de vida cresce a um ritmo infernal, efeito da instabilidade crónica de países produtores de petróleo. Assiste-se actualmente a uma queda de impérios, ocidentais e orientais… começou no Iraque, e arrasará ainda grande parte do médio-oriente. Esta guerra sem tréguas que nada mais faz que aumentar o ódio e consumir vidas influencia diariamente e indirectamente todo o planeta. Existe quem curiosamente diga que o ocidente apenas interfere devido aos “benefícios petrolíferos”, mas ainda assim, o ouro negro acabará, e quando isso acontecer, a guerra continuará a ser para todos. O movimento é uniforme e de sentido único.
RJM

3 Comentários:

Blogger Bártolo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

01:11  
Blogger Bártolo disse...

Permeabilidade de princípios é algo que até há pouco tempo preocupava muito pouca gente, algo que comparado com a rígidez com que alguns honram seus princípios de vida faz com que os encaremos como fanáticos.. A dormência em que o planeta está (estamos) é contagiante! A letargia e indiferença é do mais perigoso que pode haver quando se quer um mundo melhor. Tanto mundo, como qualquer outra coisa na vida.. Pior que fazer mal é nada fazer.
Esse "big brother" que referes torna-se cada vez mais concreto, sem qualquer dúvida. Mas parece-me que ainda não é real. Vejamos: quem é o big brother? quem nos vê? quem nos controla? (com interpretações espirituais de lado por um momento) No fundo, não há ninguém real do outro lado.. a Grande Aldeia tornou-se de tal forma global que não há quem tenha mão nisto.. em jeito de conclusão: não estaremos simplesmente procurando alguém para culpar por tudo isto? probable cause.. ou a culpa é dos muçulmanos porque são fanáticos ou do ocidente por armarem os maluquinhos e iniciarem a guerra..
é que assim, depois de encontrarmos os vilões teremos os óbvios heróis que nos transmitirão sábios ensinamentos (ou não), para que não tenhamos que pensar por nós próprios..
Recomendo dois filmes a qualquer pessoa que queira ter uma opinião sustentada sobre este assunto actual: Syriana e The Lord of War; o primeiro sobre o petróleo e o segundo sobre o tráfico internacional de armas em grande escala.. e mais não digo!

Gostei muito do teu texto! Um abraço

01:15  
Blogger Ricardo JM disse...

Caro Jmac, ambos sabemos que o "big brother" é como o pai natal, não existe (!) em sentido próprio, mas sim como uma ficção cada vez menos aparente; o facto de os DLG não só estarem cada vez mais restringidos mas por serem habitualmente negligenciados (escutas ilegais, invasão de propriedade privada, vigilância por satélite -em alguns países) tem provado isso mesmo. Concordo deveras que, com a educação liberal que tive – típica de um país ocidental –, onde se cultivam princípios como o respeito pelo próximo, me levam a ficar tentado a afirmar o Islão como exemplo da intolerância religiosa. Ainda que não pegando nesse argumento, certamente, ambos concordaremos que esse é o móbil da guerra. As nossas cruzadas já lá vão e felizmente caminhamos hoje, para um mundo melhor. A culpa não será exclusiva dos muçulmanos (se o afirmasse seria anti-semita ou tapado) nem tão pouco se vê no ocidente o púlpito dos heróis. Saberemos é que o ódio que eles carregam entre si se esta a propagar pelo ocidente, tal já é visível na opinião pública, que culmina com a tal letargia e indiferença. O meu desabafo centra-se somente na posição de um cidadão de um país pacífico (que só entra em teatros de guerra para manter a paz), mas que ainda assim se habilita a ver entrar a guerra na sua casa (como a outros já sucedeu), uma guerra que não é a sua. Recordo que, em "The Lord of War", Nicolas Cage alimenta a guerra é verdade, mas não a provoca, acabando mesmo por ser vitima dela.

18:30  

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