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Aqui suplantam-se os intelectuais...

segunda-feira, abril 30, 2007

A propósito da moral do "Estado Novo" no aniversario de
Oliveira Salazar


A moral do estado novo encarava a prostituição legalizada como uma actividade social importante: iniciação dos filhos-familia, preservação do casamento tradicional, absorção das fantasias extramatrimoniais, estabilização das relações comuns. A sua existência era, assim, profiláctica a vários níveis. Para Salazar, que não a frequentava, tudo o que fosse controlado ou controlável tinha a sua aquiescência. As casas de passe prestavam aliás, serviços bastante amáveis ao regime: “o interesse pelo sexo faz diminuir o interesse pela política” dizia.
Foi com relutância que as proibiu. A 1 de Janeiro de 1963, os portugueses assistiam, entre curiosos e matreiros, ao encerramento oficial dos prostíbulos.
A prostituição era, diz Fernando Rosas, “desde que registada, uma profissão como outra qualquer. As pessoas que a exerciam possuíam um passe, espécie de caderneta identificadora e compareciam uma vez por mês no Dispensário de saúde para visitas de inspecção e higiene. No final recebiam um carimbo como estavam em condições físicas para exercer o trabalho de mulheres públicas. Só podiam ser perseguidas policialmente em caso de escândalo ou de atentado ao pudor”. “Havia redes de proxenetas”, acrescenta, “ e de casas de passe organizadas, algumas com ligações a meios políticos e económicos de vulto, a quem forneciam menores. Era um negócio bastante compensador.”
Das vielas de Lisboa para as plagas de África, as meretrizes seguiam, dilatando, patrióticas, o império, a multirracialidade e as tendas de alterne.
Exclamava Mário Cesariny sobre esses tempos, “Lisboa povoa-se, de putas, chulos, gatunos e marinhagem, uns príncipes!”.
Ventos surrealistas haviam chegado a Portugal!
Fernando Dacosta in Máscaras de Salazar
adaptação RM

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