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Aqui suplantam-se os intelectuais...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Bailinho da Madeira

Ao fim de 30 anos de governo, um dos últimos dinossauros da política portuguesa recusa-se a ser "extinto", avançando com uma meia retirada do poder. De facto, "aquele tipo lá da ilha" acabou por garantir a recandidatura após a demissão, sob pretexto de não abandonar os madeirenses, ainda para mais, numa tão delicada situação. Como se não bastasse, acrescentou ainda que abandonar a ilha seria como que deixa-la à sua sorte pois ninguém como ele consegue fazer frente ao governo da república. No meio disto tudo, os mais desatentos parecem nem saber o porquê desta demissão. Curiosamente, os mais atentos parecem também não entender lá muito bem as verdadeiras razões desta "birra politica", senão vejamos.

À partida, e pelo discurso que temos ouvido do presidente demissionário do governo regional da madeira, o motivo principal será o de pressionar o governo central a voltar atrás nos cortes para as regiões autónomas em virtude das imposições da nova lei das finanças regionais.
Acontece que quem vivido em Portugal nos últimos 2 anos, tem assistido a uma politica forte e intransigente de um governo suportado por uma maioria na Assembleia da Republica, sem qualquer coligação, e ao que – pasme-se –, tem os níveis de popularidade em alta (algo nunca visto neste país após 2 anos de governo e na fase das politicas "difíceis"). Agora vem a questão pertinente: será que José Sócrates vai recuar, mesmo após a promulgação da referida Lei pelo "senhor Silva"? Pois esse parece ser o principal móbil do abandono de João Jardim.
Eu acreditava que não, mas que seria o último e derradeiro grito de desespero de um governante que ama a sua ilha. Dentro dos possíveis, saia com alguma dignidade.
Todavia, a politiquice de João Jardim está longe de se pautar por estes limites. Para surpreender toda gente (ou então não) decidiu recandidatar-se, isto é:

1- Diz que não concorda com a medida
2- Recandidata-se.
3- Mais que provavelmente volta a ganhar.
4- Mais que provavelmente o governo não recua
5- Volta a lidar com o mesmo problema, mas fica no poder mais uns tempos.

Bom, se tivéssemos num casino diria que a máquina estava viciada à 30 anos mas como estamos a falar da região autónoma da madeira estou só a falar de vício no poder e de dinossauros políticos.

Ideias a reter: no meio destas manobras politicas, contestar uma lei com uma demissão e seguida recandidatura não é um bocadinho incoerente? É que na verdade, assim que for reeleito vai encontrar o mesmo problema, a lei das finanças regionais. Por outro lado, em termos políticos, a sua recandidatura é débil na medida em que não vai contribuir para nada em função da sua demissão. Qual a ideia, fazer uma espécie censos na madeira encapotado de eleições, para os madeirenses manifestarem a sua opinião sobre a lei das finanças regionais? É que não se podem fazer referendos sobre matérias orçamentais, tributárias ou financeiras (art. 115 nº 4 Al.) b CRP)

A verdade é que Alberto João, sempre pugnou pela independência da Madeira, incluindo em termos económicos, referindo inúmeras vezes que o continente em pouco ou nada contribuía para o desenvolvimento da Madeira. Ora, tal discurso de outros tempos comparado com a posição de hoje é um tudo nada contraditória.

Ora, este jogo político, sujo, mesquinho e de quem não consegue deixar o poder, só acaba por prejudicar a região com a estagnação em termos políticos que se vai seguir nos próximos tempos. Se não houvesse segundas intenções nesta decisão, o facto de se demitir ao fim de 30 anos, seria só por si elemento bastante de protesto e prova de auto-sacrificio por não conseguir cumprir com os madeirenses em virtude de uma nova lei que aperta os cordões da bolsa. Mas não. Há que arranjar modos de se manter no poder e de fazer o seu bailinho do costume, nem que para isso seja necessário um período de instabilidade (de que tem maioria na assembleia regional) e estagnação.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Opiniões...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Piada Jurídica
DIVISÃO DE BENS

Dois amigos encontram-se depois de muito anos.
- Casei, separei e já fizemos a partilha dos bens.
- E as crianças ?
- O juiz decidiu que ficariam com aquele que mais bens recebeu.
- Então ficaram com a mãe?
- Não, ficaram com nosso advogado.

domingo, fevereiro 11, 2007

Resposta Clara


Foi de uma clareza tremenda a posição tomada pelos portugueses neste referendo de 11 de Fevereiro. Uma margem de 18,5% entre um "sim" e um "não" revelam que a nossa sociedade já estava farta e cansada deste tema.

O resultado do referendo veio pois, reforçar a legitimidade da assembleia para legislar nesta matéria tão sensível.

Não há muitas mais palavras para dizer, há sim, muito para fazer nos próximos tempos.

A mudança está ai, e mais vale tarde do que nunca!

terça-feira, fevereiro 06, 2007

ALGUMAS RAZÕES PARA DIZER "SIM"

SIM porque não quero que as mulheres sejam condenadas e ir para a prisão consoante o estado de espírito de um juiz;

SIM porque há que acabar com a vergonha do aborto clandestino;

SIM porque não podemos ficar indiferentes aos riscos para a saúde sexual e reprodutiva das mulheres, quando tem de recorrer a um aborto clandestino;

SIM porque no sec. XXI ainda há mulheres a morrer em abortos clandestinos, ou que ficam psicologicamente devastadas e fisicamente debilitadas

SIM porque o aborto clandestino prolifera como um negócio sujo;

SIM porque não podemos conviver com o drama das mulheres que são deixadas sozinhas pela actual legislação;

SIM para que as mulheres que decidirem interromper a sua gravidez ate as 10 semanas, sejam atendidas com dignidade por especialistas que as acompanhem na sua decisão final;

SIM porque não faz sentido uma lei penal que não gera consensos, impor a moral de alguns a todos;

SIM porque os filhos devem ser amados, devem ser planeados e desejados;

SIM porque a maternidade e paternidade devem ser assumidas de forma responsável, consciente e feliz.

SIM porque não posso eu julgar as mulheres e as famílias que tomam uma decisão tão dramática e dolorosa sem conhecer as razões, muitas vezes de desespero porque passam aquelas pessoas. Não serão eles os melhores juízes para decidir aquele caso?

SIM porque votar não implica uma hipocrisia experimentada em 1998: dizer que tudo esta bem tal como esta, quando isso mais não é do que virar a cara para o lado e esquecer a realidade nacional.

Votar SIM, não implica obrigar as mulheres a decidir-se pelo aborto, pelo contrário. Aquelas que definitivamente iriam recorrer ao aborto clandestino poderão ser acompanhadas e aconselhadas por especialistas, aumentando substancialmente a probabilidade de serem demovidas da pratica do aborto!

Actualmente as mulheres, quando decidem interromperá a gravidez, quando podem pagar, vão a um pais estrangeiro, onde a lei já mudou há vários anos, quem não pode pagar sujeita-se a lei que temos.

Por estas e por muitas outras razoes, dia 11 so posso votar SIM