1649-014

Aqui suplantam-se os intelectuais...

quarta-feira, junho 28, 2006


O enigma Fernando Ruas...

Quando vi na tv o excerto das declaração deste autarca de Viseu,devo confessar que deu-me vontade de rir.. Não posso dizer que morra de amores pelos fiscais, e a imagem de uma delapidação pública dos mesmos, não deixaria de ter uma vertente poética.Deste modo, tal declaração deixaria de ser incompreensivel na boca de um alcóolico no instante em que lhe é passada pelo dito fiscal de forma sorridente uma multa com muitos 0's... Agora do também presidente da Associação Nacional de Municipios, seria de esperar outros termos, mais moderados. Não sei se terá aprendido tais técnicas de persuação com o seu amigo Avelino Ferreira Torres.Este,há não muitos anos, pontapeou energicamente o material do quarto árbitro no estádio onde jogava o Marco, e que curiosamente tem o seu nome, além de incitar a um lixamento popular do quarteto de arbitragem. Imagens de um pais que se apelida de brandos costumes, onde impera sim a impunidade daqueles que detêm e se perpetuam no poder.

sexta-feira, junho 16, 2006

Soneto ao contrário


Estudar teoria pode ser mesmo uma tortura:
Ser intimo do negocio jurídico,
Conhecer os pressupostos da responsabilidade e da usura

É que nesta vida de estudante, nem posso ver o mundial
Agarrado à discricionariedade
A estudar o processo e os trâmites da LAL.

Quando eu pensava que as coisas já iam mal
Tive de saber que o que o blanco diz é um senão.
Tive de estudar a “justiça constitucional”,
Desatei a chorar até mais não!

Por fim, no que toca de economia
Não poupei esforço ao estudo.
simplesmente porque ela não ia
e eu não tou pa caminhar para burro.

quinta-feira, junho 08, 2006

Principio Hedonístico?

Já que algumas pessoas gostaram do meu ultimo post, decidi voltar a opinar sobre algo parecido.
Aposto que toda a gente sabe que se esta a realizar a 76ª feira do livro de Lisboa (até dá reclame entre as telenovelas das 21h as 22.30h, da novela das 22.45 as 23.30h e daquela que vai da 23.40h até à 0.30h!), aposto que toda a gente sabe onde é o parque Eduardo VII (aquele em que convêm, quando lá passamos a pé, ir de costas e junto à parede), então, porque raio é que a feira do livro esta às moscas???
Agora, assim de repente, apetece-me aplicar o modelo hipotético dedutivo de forma patética, utilizando a expressão de ordem da feira do livro:

Ler é poder.
As pessoas gostam de poder
Logo, as pessoas lêem!

Wrong!

Refutação claríssima por existir uma premissa completamente descabida: a que as pessoas gostam de poder! Quer dizer, que gostam não duvido, muitos são os que dizem “nasci para mandar”, agora, que o querem conquistar através do conhecimento e leitura não me parece. O que me parece, e desculpem a monstruosidade, é que muita gente ainda se dedica a ler – revistas – porque na casa de banho não há muitas coisas interessantes para fazer enquanto se está lá retido.

Tendo por base um estudo americano (fundo nacional para as artes) publicado em 2004, refere-se que “as pessoas que lêem por prazer têm muito mais probabilidades do que as pessoas que não o fazem, de visitar museus e assistir a espectáculos musicais e 3X mais probabilidades de se dedicarem a trabalho voluntariado por exemplo (!)”. Por outras palavras, os leitores são activos ao passo que os não leitores (aqueles curiosos, por exemplo, que ao verem um acidente abrandam para ver até que ponto foi a trancada, mas ao verem a feira do livro é mais curtido acelerar avenida abaixo), que representam grande parte/maioria da população caíram numa incontornável apatia.

Agora vou fazer outro silogismo, com base nas palavras de um antigo professor/explicador que tive, que me explicava que numa biblioteca poderíamos ter um tesouro:

As pessoas gostavam de poder ter tesouros,
Nas bibliotecas podemos encontrar tesouros
Logo, as pessoas costumam ir a bibliotecas.

Conclusão do senso comum aos silogismos: “ouvi dizer que não”.
A teoria boa (nas palavras do Sr. Prof. Menezes Cordeiro), é que existe uma divisão essencial na sociedade entre aqueles que são activos e para quem a vida é um acumular de novas experiências e conhecimentos, e aqueles, mais passivos, para quem a destreza é a empregada da família rica da novela “jóia de africa” e para quem a maturidade revela-se como um processo de atrofia mental. O fosso entre as pessoas do primeiro grupo e as do segundo e mais ou menos parecido à diferença entre os ricos e os pobres no Brasil: é assustador!

Bem, isto tudo a propósito da feira do livro? E o titulo, o que que tem a ver com o que eu tenho tado aqui a dizer? Eu quase estava tentado a dizer “não sei”, mas ouvi dizer que o hedonismo era um sistema filosófico que considerava o prazer como fim ultimo da vida… e ler não é prazer?? ouvi dizer que não... a maioria da populaçao diz isso! Então o que é ler? LER É PODER! Leiam e passem na feira do livro.

ps 1. Não, não tenho nenhuma barraquinha montada lá a vender livros, nem teria, porque os livros são tesouros e são poder!
ps 2. Ler é um prazer!
ps 3. Eu até dizia que ninguem vai à feira do livro com medo que o gang do bibi continue a actuar no parque, mas assim estava a dar um argumento (?) para quem não mete la os pés.

sábado, junho 03, 2006



BOM SENSO E BOM GOSTO

Certa noite, ao embrulhar-me na programação oferecida pelos canais nacionais, deparei-me com uma nova e cativante (tendo em conta o nível de audiências) série. Trata-se de uma série em que, um homem, mais gordo que o Fernando Mendes, e que parece vindo da família do “professor chanfrado”, prepara-se para celebrar casamento com uma mulher – fisicamente nos antípodas do que lhe seria normalmente de esperar –, aparentemente normal. Mudei os canais e passo a explicar o que pensei: estupidificação da televisão. Quando se diz que “em Portugal, ver tv é pior que ir ao wc”, todos compreendemos. Mas agora, até onde vai esse “todos”? Tendo em conta o share dos 4 canais aparece a seguinte compostura:

Prime time de domingo
1º TVI com a maravilhosa série do senhor – eufemisticamente – badalhoco.
2º SIC com mais uma daquelas novelas que preenche o horário das 21h a 0.30h
3º RTP 1 com um programa que testa a cultura geral
4º RTP 2 com um programa que difunde cultura geral.

Por outro lado, atendendo a uma estatística recentemente revelada, apetece-me conjecturar o seguinte, sem, uma obvia, relação rígida:

1 - 70% da população portuguesa tem o 9º ano ou menos, logo a maior parte dos telespectadores

2 - Cerca de ¼ tem o 12º completo – já uma pequena percentagem dos mesmos.

3 – O número minúsculo que sobra são licenciados – quase nada do que representa o share televisivo.

Conclusão: temos uma relação inversamente proporcional – quanto “maior” a exigência cognitiva, menor percentagem de audiência, ou melhor –, quanto menor o esforço intelectual requerido, maior numero de aderentes.

Não quero com isto dizer que “os mais inteligentes são os que assistem à programação da RTP e os menos assistem às da TVI”. Quero é afirmar que me parece que mais importante que o nível de inteligência, é a avidez de saber e conhecer, e essa é uma característica que parece ser escassa na nossa cultura.

Tendo por base que não sou um pseudo-intelectual ou intelectualóide nem conservador nem ainda tão pouco um idealista desmesurado, parece-me, ainda assim, que ninguém pode dizer que os gritos de alerta de muitos são apenas exageros de conservadores desmancha-prazeres, que pregam um idealismo inalcançável. Acontece que o lixo sórdido e sem categoria que se tem assistido na televisão, ultrapassa os limites que tradicionalmente se considerava como “ir longe demais”.

O pior disto tudo é que os pais, acabam por prescindir do mais simples dos padrões: vergonha e educação. Deixam os actuais “donos do controlo remoto” (os filhos) abrirem-se a esta cultura que estupidifica todos nós. Estamos a tornar-nos numa nação de dependentes de reality shows, Playstations e chats virtuais. Mas claramente.

Todos os que me conhecem e conhecem também a expressão “não gosta mete à borda do prato”, sabem que é só subsumir isso ao grupo media capital (tvi, 24h etc…) não é que eu os considere como gente que prescinde de ética jornalística ou adopte programações ridículas (a prova disso é que têm jornais económicos de grande qualidade), o que acontece é eles fazem o que as próprias pessoas pedem, chegando a este ridículo ou qualquer coisa das celebridades, e como em qualquer democracia, ganha a maioria, os outros que se lixem! Hoje a tvi é líder incontestável de audiências porque dá às pessoas aquilo que elas querem e pedem. Tão e só.

Quando eu era um garoto, queria era sair, andar de bicicleta, jogar à bola, estar com os amigos… hoje, vejo nas crianças que vivem perto de mim uma já profunda alteração. Não quero ser estático e ver obstáculos às mudanças, mas agora o mais importante são os morangos com açúcar, futebol é na playstation e se quiserem falar com os amigos é só ir até ao msn. Até onde a cultura “web” será benéfica? Não era disto que eu estava a falar, mas enfim, apeteceu-me. Tudo isto a propósito “do meu odioso marido”.
Deturpando Antero de Quental, há falta de “bom senso e bom gosto”!